Cubismo e Neoplasticismo

Pablo Picasso e Georges Braque encabeçaram o movimento dito como intelectual e não sensorial, que radicalizou a forma com que três dimensões eram expressas no plano. Em vez de perspectivas renascentistas, esses artistas propuseram uma representação em que o jogo de planos dão profundidade à arte, romperam com a tradição e mantiveram rigor no método utilizado. Resolvem o problema da terceira dimensão por meio de linhas oblíquas, que indicam profundidade, e curvas, que indicam volume.

O espaço para estes não é nada que exista em si, é a realidade ordenada e configurada na consciência, logo não existe nada de incerto, ilusório ou alusivo na forma. As únicas dimensões certas são a altura e a largura, que se traduzem na vertical e na horizontal. A utilização do espaço dá-se através das escolhas das temáticas, que podem ser natureza-morta e objetos conhecidos em cima de uma mesa, tais como frutas, pratos, copos, garrafas ou instrumentos musicais, esses objetos não podem se encontrar em lugares diversos ao mesmo tempo, na realidade mental denominado espaço, mas o mesmo objeto pode existir com muitas formas diferentes que ocupam situações diferentes.

Braque eliminou a distinção entre os volumes sólidos e o fundo, desmontou a volumetria dos objetos reduzindo tudo a formas planas justapostas, sem discriminar o espaço e o objeto e sem absorver as formas das coisas.


Picasso dá ênfase na plástica volumétrica, reconstrói as coisas na continuidade do espaço através de formas geométricas, que considera como fundamento unitário tanto das coisas quanto do espaço. Braque lança a forma no plano como um perfil negro e a matéria, representada pela madeira, é vista como componente ambiental, difundindo por todo o espaço, enquanto a sensação não é só visual é também tátil, por meio da superfície áspera cheia de veios.

Piet Mondrian, foi um dos artistas mais importantes do movimento holandês De Stijl ou Neoplasticismo, que cria uma arte universal, independente das emoções individuais. Simplificou a linguagem da pintura usando combinação de linhas verticais e horizontais, e começou fazer possível uma linguagem pura de formas, cores e ritmos. Envolveu-se com composições planas colocadas dentro do plano pictórico e estabeleceu como critérios gerais de estética cores primárias (vermelho , amarelo, azul) e preto, branco e cinza e composição formada por planos perpendiculares dispostos assimetricamente.

Apesar da limitação da cor através da organização racional do campo pictórico, desdobrava a sua própria energia, e muitas vezes parecia capaz de mover de dentro para fora a estrutura desenhada, assim o limite da tela não se resumia ao limite do quadro. Mondrian faz uso de linhas negras, fazendo-se assim cortes na tela, pois sem eles as cores se tocariam e influenciariam reciprocamente; entre os valores, segundo Mondrian, não devem existir relações de força, e sim relações métricas, proporcionais.

O estilo introduz, com a junção da visão bidimensional com a estereométrica, um processo dinâmico e um equilíbrio assimétrico em vez de uma simples simetria, distanciando do cubismo pelo caráter “não-objetivo” e a tendência de não usar curvas.



Fazendo assim uma comparação entre as duas vanguardas, percebe-se que o Neoplasticismo tem um caráter mais racional, enquanto o Cubismo é dotado de um sentido mais expressionista. Com relação a análise das obras, notamos que Mondrian fazia uso de cores primárias juntamente com preto e branco, formas geométricas, dando ilusão de movimentos verticais e horizontais das cores e criando composições equilibradas. Em contraposto, Picasso e Braque abusavam dos tons pastéis e cores escuras, contrastando com cores mais dramáticas; usavam curvas com intenções volumétricas e texturizavam alguns elementos.




Referências:




ARGAN, Giulio Cario – L’Arte Moderna 1770/1970, Firenze, Sansoni, 1982.

BENEVOLO, Leonardo. História de la arquitectura moderna; trad. M. Galfetti e J. D. Atauri – 2ª Ed. Barcelona: Gustavo Gili, 1974. Edição em português. História da Arquitetura Moderna. São Paulo, Editora Perspectiva. 3ed. 2001

DEICHER, Susanne. Piet Mondrian – 1825 – 1944 – Construção sobre o vazio. Benedikt Taschen Verlag GmbH, 1994.

FRAMPTON, Kenneth – História Crítica da Arquitetura Moderna; trad. Jefferson Luiz Camargo. – São Paulo : Martins Fontes, 1997.

GIEDION, Sigfried. Espaço, Tempo e Aquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 2004.